Quem passa pela BR-317 no estado do Acre, a rodovia que liga a capital Rio Branco às cidades de Brasiléia, na fronteira com Cobija (Bolívia) e Assis Brasil, vizinha de Iñapari (Peru), tem como vista na paisagem um cenário desolador: caminhões carregados com toras de árvores gigantes.
O raio dos troncos fatiados e empilhados na carroceria é maior do que a própria roda do veículo. O local é uma das muitas rotas de desmatamento que seguem o curso das estradas abertas na Amazônia.
A presença de pastos e bois onde o desmatamento já está consolidado ajuda a entender o processo. Assim como no estado de Rondônia, o avanço da pecuária, incentivado com financiamentos públicos, está diretamente relacionado ao desmatamento. Se na década de 1970, o estado contava com 72.166 bovinos, em 2006 eram 1.784.474 bovinos, segundo dados os dados mais recentes divulgados pelo Governo do Estado.
Não por acaso, hoje a pecuária é a principal fonte de renda do Estado, com 18,89% de participação na economia, acima da indústria, que tem 14,27%. E toras gigantes continuando sendo transportadas em rotas de desmatamento.