Notícia
20/02/2019
COLHEITA DE CHUVAS NO CAMPO
O ciclo hidrológico, ou das águas, domina há milhões de anos o planeta Terra e as forças naturais poderosas determinam os mecanismos complexos da dinâmica e gestão dos recursos hídricos, desde a formação das nuvens de chuvas, um fenômeno advindo da evaporação das águas dos mares, oceanos, rios, lagos, reservatórios, bem como as contribuições decorrentes da evapotranspiração das matas, florestas, culturas, pastagens, e agregando-se as frentes frias carregadas de umidade que fazem também chover.
A COLHEITA DE CHUVAS NO CAMPO*
O ciclo hidrológico, ou das águas, domina há milhões de anos o planeta Terra e as forças naturais poderosas determinam os mecanismos complexos da dinâmica e gestão dos recursos hídricos, desde a formação das nuvens de chuvas, um fenômeno advindo da evaporação das águas dos mares, oceanos, rios, lagos, reservatórios, bem como as contribuições decorrentes da evapotranspiração das matas, florestas, culturas, pastagens, e agregando-se as frentes frias carregadas de umidade que fazem também chover. A incidência constante da luz solar sobre a Terra gera calor, luminosidade e fotossíntese, fontes de vida humana, animal e vegetal!
Afirmam os cientistas que o volume de água doce é constante, entretanto, as chuvas estão mal distribuídas nos continentes e nas regiões do globo terrestre. Assim posto, o semiárido mineiro comparado com o Sul de Minas é um dos exemplos dessa desigualdade hídrica. Entre 1986 e 2017, a precipitação média em Januária, Norte de Minas, foi de 883,1 milímetros anuais (Instituto Federal Norte de Minas) contra a preciptação média histórica de Bocaina de Minas, Sul de Minas, que é de 2.100 milímetros anuais (Climate-data). Um milímetro de chuva (1 litro de água/m2) corresponde a 10 mil litros de água por hectare, e uma cultura de grãos, por hipótese, que utilizar minimamente 800 milímetros de chuva por hectare, significa uma demanda hídrica potencial de 8 milhões de litros.
Toda água usada volta ao ciclo hidrológico!
Portanto, sem chuvas suficientes para usos múltiplos e reservação de água, não há também como funcionar com eficiência os sistemas agrícolas de irrigação, o abastecimento doméstico, industrial, agroindustrial, o comércio, os serviços, as usinas hidrelétricas, e muito menos a produção brasileira de grãos, cereais, oleaginosas, agro energia, açúcar, que passa igualmente pela oferta de frutas e produtos da horticultura.
As safras agrícolas brasileiras dependem em 90% da distribuição das chuvas nos seus ciclos produtivos e nas diferentes regiões produtoras desse vasto território nacional e suas vocações agrossilvipecuárias. E mais, deve-se lembrar também que a carne bovina magra tem 75% de água fisiológica/metabolismo; o leite de vaca, 86%; e o tomate, 94%; e o ovo de galinha (50g), 75%. O corpo humano possui cerca de 65% de água em homens adultos e 60% em mulheres adultas, entre centenas de outros exemplos (Google/Wikipédia).
Em Minas Gerais, os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 mostram que os 607.800 estabelecimentos agropecuários mineiros ocupam uma área de 37,9 milhões de hectares de terras, sendo 4,6% com lavouras permanentes; 10,5% com temporárias; 14,7% com pastagens naturais; 36,3% com pastagens plantadas; 24,4% com matas naturais; 5,1% com matas plantadas; e outras, com 4,5%. Quanto ao uso da terra, 51% ou 19,3 milhões de hectares são pastagens naturais e plantadas, e o estado também lidera a produção de leite e derivados.
Nas paisagens rurais mineiras, diversificadas, essas áreas coletoras de chuvas nos domínios dos estabelecimentos agropecuários são estratégicas à gestão correta dos recursos hídricos, que supera o foco exclusivo em nascentes e matas ciliares, contudo, numa perspectiva de
bacias hidrográficas. Além disso, em nível nacional, segundo o pesquisador e Chefe Geral da Embrapa Territorial, Evaristo Miranda, o “Patrimônio Imobiliário Imobilizado para atender às
exigências e
cumprimento das leis ambientais vigentes, dentro dos estabelecimentos agropecuários brasileiros, soma um valor de R$ 3,1 trilhões.” Nenhum outro ramo da economia nacional teve que abrir mão de patrimônios privados dessa envergadura!
Por outro ângulo, a adoção de
boas práticas conservacionistas pelos agricultores familiares, médios e grandes empresários, no foco da sustentabilidade dos recursos naturais, se faz indispensável não apenas para obter ganhos de produção, produtividade e qualidade, como também estimular um
balanço ambiental positivo nas artes de plantar, criar, abastecer, exportar, preservar e conservar a natureza. O pesquisador Eliseu Alves, da Embrapa, disse; “Os desafios devem ser relacionados a aquilo ao alcance dos homens. Água; economizar, preservar no solo e irrigar.” O pesquisador Daniel Guimarães (CNPMS) reforça; ”Plantar água e colher alimentos.”
Assim posto, os efeitos positivos das boas práticas também transcendem a porteira da fazenda, beneficiam toda a sociedade definitivamente urbanizada, movimentam as economias regionais, e requerem o pagamento por serviços ambientais prestados pelos empreendedores rurais
. A água é um bem de domínio público, mas pode ser outorgável!
Noutra paisagem, sinérgica, a floresta Amazônica reúne nove países, entre os quais o Brasil, abrange uma área de 5,5 milhões de km2, abriga estimativamente 400 bilhões de árvores, com mais de 10 centímetros de diâmetro, e emite diariamente 20 bilhões de toneladas de vapores na atmosfera, que formam as nuvens de chuvas e tidas como verdadeiros “rios voadores,” que atingem o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, e países vizinhos(IPAM).
A expressão sobre os
rios voadores foi cunhada pelo professor e pesquisador José Antônio Marengo Orsini, peruano, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Entretanto, alguns pesquisadores admitem que o número de árvores na floresta Amazônica internacional seja da ordem de 600 bilhões e nela contida a maior biodiversidade do mundo!
O rio Amazonas é o maior do mundo em volume de água captado por suas malhas hídrica, tem 6.992 km de extensão, e lança no mar 200 mil m3 por segundo! Cientistas estimam que a floresta Amazônica internacional tenha 50 milhões de anos, bem como abrange 7,0 milhões de km2, 1.100 afluentes, e esse rio nasce nos Andes peruanos. Assinale-se que o rio São Francisco, cuja nascente é em São Roque de Minas, Serra da Canastra, capta 2/3 de sua
vazão média anual no território mineiro.
Pode-se aceitar que a
oferta regular de água em quantidade e qualidade, e a
demanda por alimentos saudáveis e nutricionais acessíveis por toda a sociedade, que dependerá igualmente da melhor distribuição da renda per capita, entre outras condicionantes estratégicas, serão dois dos maiores desafios no viger desse século XXI.
Engenheiro agrônomo Benjamin Salles Duarte* - 11/02/2019
Fonte: O autor
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CIFlorestas disse:
26/01/2021 às 12:38
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