Notícia
31/03/2020
OS CENÁRIOS DA APICULTURA MINEIRA
Segundo estudos e pesquisas, o hábito de consumir mel vem de longo tempo na história da humanidade. Os registros mais antigos datam de 8 mil anos a.C., considerando-se as pinturas rupestres encontradas no sítio arqueológico de Cuevas de Las Arañas, na Espanha, que representam o mel como alimento; e os primeiros registros sobre abelhas fossilizadas datam 42 milhões de anos na Terra, segundo os paleoentomologistas, ramo que faz parte da Ciência que estuda os insetos (Entomologia).
OS CENÁRIOS DA APICULTURA MINEIRA*
Segundo estudos e pesquisas, o hábito de consumir mel vem de longo tempo na história da humanidade. Os registros mais antigos datam de 8 mil anos a.C., considerando-se as pinturas rupestres encontradas no sítio arqueológico de Cuevas de Las Arañas, na Espanha, que representam o mel como alimento; e os primeiros registros sobre abelhas fossilizadas datam 42 milhões de anos na Terra, segundo os paleoentomologistas, ramo que faz parte da Ciência que estuda os insetos (Entomologia).
Estimam-se que bilhões ou trilhões de insetos polinizadores, principalmente as
abelhas,
sejam responsáveis por até 50% da produção de alimentos no mundo! É igualmente indispensável a redução do uso de agroquímicos, no que for essencial, e ampliar as pesquisas sobre defensivos vegetais e diversificados princípios ativos, incluindo-se os biodefensivos!
Apesar de ser produzido por mais de 20 mil espécies de insetos, o mel docinho, viscoso, amarelado ou não, que consumimos, vem das abelhas do gênero Apis mellífera, nome científico criado em 1758, ou há
262 anos pelo sueco Carl Linné (cientista, médico e botânico), que significa em latim “abelha que carrega mel.”
E mais, a apicultura chegou ao Brasil em 1839, quando o padre Antônio Carneiro trouxe as primeiras colônias de Apis mellífera da região do Porto, em Portugal, para o Rio de Janeiro. Em 2017, nos 3.872 municípios produtores de
mel, a oferta
total atingiu
41,6 mil toneladas (Sebrae/IBGE). Em 2000, foi de
21,8 mil toneladas; comparando-se 2000 com 2017 cresceu
90,8% (IBGE).
Aliando-se mercados estimulantes, pesquisa de ponta, adoção de tecnologias, políticas governamentais, logísticas na apicultura, assim como a vastidão do território nacional, com seus recursos naturais, múltiplas culturas anuais, perenes e sistemas florestais (mel de eucalipto) podem-se obter, numa perspectiva de tempo, consideráveis aumentos de produção e produtividade por colmeia/ano,
assegurando a
qualidade desse produto orgânico brasileiro para consumo interno e ampliar as exportações de mel, segundo o médico veterinário Dirceu Ferreira, coordenador estadual da Emater-MG.
Em 2019, o Brasil exportou 30 mil toneladas de mel, e Minas Gerais, 2,2 mil toneladas. O 1º exportador brasileiro de mel é o zootecnista e empresário Carlos Domingues (Maringá/PR), com volume avaliado em
6 mil toneladas anuais.
Apicultura= tecnologias + gestão + mel + cera + geleia real + própolis + pólen + polinização + consumo interno + exportações (MAPA).
Em média, segundo pesquisas, o mel é constituído basicamente por glicose, frutose e água (89,40%); e mais proteínas, sais minerais, enzimas, ácidos orgânicos, bem como aminoácidos. A sua cristalização natural, em condições favoráveis, é uma das características de autenticidade; um litro de mel
puro de abelha pesa 1,44 quilo.
O mel agregado dos EUA é misturado com xarope de milho ou de cana, e sofre restrições nos mercados!
Minas Gerais produz mel o ano todo nas diferentes floradas nas regiões do Estado, e se destaca na produção da própolis, inclusive a
própolis verde, que se origina da floração do alecrim-do-campo; planta nativa muito comum encontrada no Sul de Minas e Zona da Mata. Mundo natural; fonte primeira de tudo!
Contudo, a própolis verde é somente produzida em Minas Gerais e chega a atingir US$ 100 por quilo exportado. Além disso, o mel também é consumido como medicamento (Apicoterapia), e entra na fabricação de cosméticos como cremes, hidratantes e máscaras faciais, e na culinária (EM).
Em 2019, segundo relatórios da Emater-MG e nos cenários de suas 31 Gerências Regionais,
a agricultura familiar produziu 6,17 mil toneladas de mel e
240,2 toneladas da própolis, sendo que dos 7.697 apicultores assistidos, 6.487 são enquadrados como familiares (84,3%); e 1.210 não familiares (15,7%). Além disso, na produção total de mel a agricultura familiar respondeu por 81,44%, com
5,03 mil toneladas, e os não familiares coletaram
1,14 mil toneladas ou 18,56%. Na produção da própolis, que somou 240,20 toneladas, em 2019, 170,11 toneladas (70,82%) resultaram da produção familiar.
São ainda contabilizadas nas diversas regiões mineiras, nesses levantamentos de campo da Emater-MG, a existência e coletas de mel em
265.712 colmeias, com produtividade média anual de
23,25 quilos por colmeia/ano, o que pode aumentar com a adoção de boas práticas apícolas, gestão e mercados atraentes!
Nessa panorâmica, também em 2019 destacam-se algumas regionais da Emater-MG em
número de
colmeias na agricultura familiar; Divinópolis, com 54.435; São João del Rei, 23.880; Diamantina, 20.913; Ponte Nova, 18.557; Montes Claros, 17.453; Ipatinga, 14.665; Guanhães, 13.290; Teófilo Otoni, 9.224; e Viçosa, com 7.620 colmeias.
Nessa breve caminhada, os
15 primeiros Regionais da Emater-MG
na produção total de mel foram os seguintes; Divinópolis, com 779,3 toneladas; Diamantina, 588,1 toneladas; Ponte Nova, 521,9 toneladas; São João del Rei, 457,8 toneladas; Montes Claros 443,9 toneladas; Ipatinga, 403,4 toneladas, seguidos por Guanhães, 347,5 toneladas; Teófilo Otoni, 281,2 toneladas; Salinas, 193,9 toneladas; Capelinha, 181,3 toneladas; Januária, 175 toneladas; Lavras, 169,7 toneladas; Guaxupé; 168,1 toneladas; Viçosa, 163,3 toneladas; e Pouso Alegre, com 155,5 toneladas de mel!
Entretanto, num universo de agricultores familiares
, bem mais amplo no Estado, foram selecionados apenas
quinze municípios
maiores produtores de
mel em 2019; Itamarandiba; 510 toneladas de mel; São Tiago, 200 toneladas; Bocaiúva; 169,9 toneladas; Itapecerica; 144 toneladas. E mais, Taiobeiras, 140 toneladas; Muzambinho, 126 toneladas; Bela Vista de Minas, 122,5 toneladas; Carmo da Mata, 120 toneladas; Três Marias, 100 toneladas; São Domingos do Prata, 93,7 toneladas; Oliveira, 90 toneladas; Rio Piracicaba; 86,4 toneladas; Santa Bárbara, 85,8 toneladas; Sabinópolis, 81 toneladas; e Guaraciaba; 78 toneladas de mel.
Na diversidade desses 31 cenários apícolas regionais (Emater-MG), nos
quinze municípios maiores produtores, a agricultura familiar respondeu por
83%, em média, da oferta total do mel coletado. E mais, comparando-se o ano de 2002 com o de 2019, a produção de mel
estadual evoluiu de 2,4 mil toneladas para 6,17 mil (157%) (Seapa). Estimam-se em
42 mil empregos diretos e indiretos na apicultura mineira! Em 2019, os cinco primeiros importadores de MG; EUA, Alemanha, Bélgica, França e Panamá.
Tomando-se apenas para efeito didático a média de 45
mil abelhas, por colmeia, essas
265.712 colmeias presumivelmente abrigariam
11,95 bilhões de abelhas! Por curiosidade e dimensão de grandeza; essas colmeias, no conjunto, teriam mais abelhas do que a população atual da Terra, que é estimada em
7,77 bilhões de habitantes (15/03/2020-worldmeter).
E mais, em 2018, a China foi a
1ª produtora mundial de mel de abelha, com 502.614 toneladas; 2º lugar a União Europeia (
UE) produzindo 250 mil toneladas; tendo 600 mil apicultores e 17 milhões de colmeias; a UE é maior importadora mundial de mel, com 200 mil toneladas por ano; em 3º lugar a Turquia, com 105.532 toneladas (Atualidade/Parlamento Europeu/2018).
Engenheiro agrônomo
Benjamin Salles Duarte* – março de 2020.
Fonte: O Autor
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CIFlorestas disse:
24/01/2021 às 12:52
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