São Paulo (SP) - O primeiro dia do 8º Congresso Anual Latino-Americano de Celulose e Papel da Risi terminou de forma provocativa entre os presidentes da Suzano Papel e Celulose e da Eldorado Brasil.
José Carlos Grubisich aproveitou a oportunidade para "esclarecer" o recente anúncio de expansão da capacidade prevista no projeto inicial. Em 2014, a empresa vai aumentar para 1,7 milhão de toneladas/ano a capacidade de produção, mas o objetivo é viabilizar a construção de outra linha até 2017, totalizando 3,7 milhões de toneladas/ano.
"Capacidades antigas e fábricas obsoletas estão fechando no mundo. E a demanda suporta um crescimento de 1,5 milhão de toneladas a cada um ano e meio", defendeu de forma otimista.
Para Grubisich, o setor de celulose tem que fazer com que a competitividade brasileira faça a diferença nesse crescimento. "Vamos caminhar na direção de dobrar a nossa capacidade até 2017, já de olho na produção de 5 milhões de toneladas em 2021", reforçou.
A empresa Eldorado Brasil analisa, no momento, várias opções para elevar o capital no início de 2014. "Estamos convencidos que é totalmente possível captar os recursos através de uma captação privada ou, eventualmente, uma IPO", completou o CEO.
O presidente da Suzano, Walter Schalka, contestou o otimismo de Grubisich. "O BNDES não pode apoiar um projeto como esse de forma indisciplinada. Corremos o risco de destruir valor, afinal, o banco pertence ao povo brasileiro", opinou.
Segundo ele, é preciso "organizar a fila". "O banco é um indutor de investimentos e, por isso, ele precisa ter uma política industrial específica para o setor de celulose, que leve a uma criação de valor para a sociedade brasileira", disse Schalka.
A história - conforme o CEO - mostrou que a "destruição de valor" aconteceu com a redução dos preços impedindo que o banco tivesse retorno sobre o capital investido. "Estamos exportando capital para a Europa e para a Ásia. É isso que está acontecendo", concluiu Walter, discordando que o mercado suporte novos projetos de 1,5 milhão de toneladas a cada um ano e meio.
Grubisich disse que o papel do BNDES não é organizar a competição de mercado. "A posição do banco deve ser a de garantir que o Brasil continue em posição de liderança nesse mercado", avaliou. "Nossa entrada foi responsável e disciplinada tanto é que o preço não caiu", finalizou.