Atualmente, o setor de painéis de madeira reconstituída tem apresentado grande crescimento no Brasil e no Mundo. Fato que se deve a modernização do parque fabril, o surgimento de novos produtos e/ou melhorias de painéis do tipo Oriented Strand Board (OSB), Medium Density Fiberboard (MDF), High Density Fiberboard (HDF), Medium Density Particleboard (MDP) e High Density Particleboard (HDP), além do aumento da demanda dos setores de construção civil e de móveis, os quais são os principais consumidores de painéis de madeira.
O setor moveleiro, além do aumento de consumo de painéis, vislumbra a possibilidade de investir ainda mais em design, o que caracteriza a criação de novos produtos aliados a busca de novos materiais. Dentro desse contexto, a utilização de resíduos vem sendo uma alternativa cada vez mais viável para o desenvolvimento de novos produtos, o que traria várias vantagens como a valorização econômica de materiais antes descartados e a diminuição de CO2 pela queima desses resíduos.
Dentre os resíduos agrícolas, o bagaço de cana é o que apresenta o maior destaque, visto que o Brasil é líder mundial em produção de cana de açúcar, apresentando uma produção em 2011 de aproximadamente 1,8 bilhões de toneladas, o que representa a geração de cerca de 500 milhões de toneladas de bagaço de cana, haja visto, que cada tonelada processada de cana-de-açúcar gera um total de 280 kg de resíduo.
A utilização de novas matérias-primas e a possibilidade de inseri-las em novos produtos requer a realização de ensaios específicos para seu uso final. Esses testes, submetendo os corpos de prova a experiências que simulem esforços extremos em condições reais, possibilitam o conhecimento das propriedades do material, que poderá torná-lo adequado ou não ao uso, gerando um padrão de qualidade.
Neste sentido, foi realizado um estudo na Unidade de Produção de Painéis de Madeira (UEPAM) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), o qual visou caracterizar as propriedades físicas, mecânicas, química, microestruturais, de durabilidade e caracterização de superfície de painéis comerciais produzidos com bagaço de cana de açúcar, a fim de verificar a possibilidade de inserção desses painéis no processo produtivo de mobiliários.
Para avaliar estas características, foram adquiridos painéis MDP industriais para uso interno de eucalipto e pinus, que já são comumente utilizados no processo produtivo dos mobiliários, e painéis MDP industriais para uso interno de bagaço de cana importados da China. Os painéis foram reduzidos a corpos de prova e posteriormente foram submetidos às caracterizações citadas acima.
De forma geral, observou-se que os painéis de bagaço apresentaram características físicas, mecânicas, química, microestruturais, de durabilidade e de caracterização de superfície similares e/ou melhores que às obtidas pelos painéis de pinus e eucalipto. Sendo assim, pode-se concluir que os painéis de bagaço de cana apresentam grande potencial de utilização na indústria moveleira.
